Corpo, Gênero e Cidade: deslocamentos micropolíticos

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.47208/sd.v27i2.2810

Palabras clave:

Gênero. Sexualidade. Poder. Cidade

Resumen

No referido artigo busca-se analisar como o enodamento entre raça, gênero e sexualidade se apresentam enquanto possíveis articulações para a compreensão da cidade como um espaço hegemonicamente construído a partir da ótica da universalização dos corpos, a saber, corpos não-racializados, corpos femininos e corpos heterossexuais. A partir dessa premissa, a cidade, por sua vez, tende a se apresentar enquanto um espaço que produz a despotencialização das vidas e modos de existir, de maneira a segregar e a violentar todos os demais corpos que não se encontram nessa universalidade imposta. Nesse sentindo, colocando a teoria da interseccionalidade no centro da análise, objetiva-se compreender como a raça, o gênero e a sexualidade articulam-se historicamente enquanto corpos marcados pela diferença, e como esses são produzidos na cena pública da cidade pela via da mortificação e de processos segregatórios. Portanto, metodologicamente, este texto propõe, a partir do olhar interseccional de autores como Michel Foucault, Simone de Beavouir, Aníbal Quijano, Giorgio Agambem e Maria Lugones, um diálogo polifônico para reflexão e análise sobre os corpos frente à sexualidade, à raça e ao gênero, que foram erigidos por contíguos valores morais, religiosos e culturais no transcorrer da formação sócio-histórica, tendo como seu modo operandis a violência, a exclusão e a marginalização, que se deslocam nos acessos à cidade. Tem-se, então, como resultado da discussão que, historicamente, sujeitos não heterossexuais e mulheres, especialmente mulheres negras, são corpos demarcados e susceptíveis às mais diversas formas de opressão, sendo essas resultantes da desigualdade estrutural frente ao gênero, à sexualidade e à raça. Desse modo, mais do que reconhecer e descolonizar todas as formas de existência, é preciso entender que os discursos possuem o poder de mortificar. Logo, se faz de suma importância que os discursos e os espaços produzidos pela subjetividade capitalista sejam denunciados.

 

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Biografía del autor/a

Cristine Jaques Ribeiro, UCPel

Doutora em Serviço Social/ PUCRS

Coordenadora do GEP Questão Agrária, Urbana e Ambiental/ Observatório dos Conflitos da Cidade

Docente Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos e Curso de Serviço Social/ UCPel

Camila de Freitas Moraes, UCPel

Psicologa pela Escola Superior da Amazônia, Especialista em Saúde Mental pelo Centro Universitário da Serra Gaúcha. Mestra e doutoranda em Política Social e Direitos Humanos UCPel.

Carla Graziela Rodegueiro Barcelos Araujo, UCPel

Assistente Social, Mestre em politica Social e Doutoranda em Politica Social e Direitos Humanos UCPel

Pablo Rodrigo de Andrade Barbosa, UCPel

Assistente Social e Mestrando em Polítca Social e Direitos Humanos UCPel

Citas

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Publicado

2021-08-30

Cómo citar

Jaques Ribeiro, C., de Freitas Moraes, C., Rodegueiro Barcelos Araujo, C. G., & de Andrade Barbosa, P. R. (2021). Corpo, Gênero e Cidade: deslocamentos micropolíticos. Sociedade Em Debate, 27(2), 63-77. https://doi.org/10.47208/sd.v27i2.2810