Uma transição inacabada: as caravanas da anistia no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.47208/sd.v30i1.3310Palavras-chave:
Transição democrática brasileira, Cultura política autoritária, Justiça de transição, Caravanas da AnistiaResumo
O presente artigo se vale das Caravanas da Anistia como objeto de estudo para explorar alguns dos principais aspectos da transição democrática brasileira face às suas as tentativas de confrontar o seu passado de violações recorrentes aos direitos humanos e crimes de lesa humanidade. A análise clarifica três momentos da jovem democracia no Brasil: a conciliação que não existiu, a reparação que não se completou e o futuro incerto quanto à garantia de não repetição por parte do Estado das violações aos direitos humanos. A não punição de perpetradores de violações, a ausência da garantia efetiva do direito à verdade e a incompletude das reparações materiais e simbólicas, trouxeram como resultado o ressurgimento da cultura política autoritária bojada de um revisionismo saudosista do período da Ditadura Militar, principalmente diante da realidade pós-factual que encontra acolhimento em parte da sociedade.
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