Poder disciplinar nas práticas de doação de sangue: entre o desejo do doador e a norma
DOI:
https://doi.org/10.47208/sd.v28i3.3074Palabras clave:
Doação de Sangue. Doadores de Sangue. Foucault. Relações de Poder. Inaptidão.Resumen
O objetivo deste estudo foi compreender os dispositivos do poder disciplinar nas práticas de doação de sangue, na percepção de candidatos à doação que já vivenciaram a experiência de terem sido classificados como inaptos. A metodologia adotada foi de abordagem qualitativa, cuja análise se deu por meio da análise do discurso (AD). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada, com 31 candidatos à doação de repetição. É na relação estabelecida a partir do binômio poder/saber que se estrutura um desconforto percebido em muitos momentos da pesquisa: o conflito entre o desejo de se realizar a doação de sangue, motivado por diversas variáveis e discursos e o poder da norma com seus protocolos, fazeres e sentenças. Concluiu-se que, as relações entre candidatos e profissionais assumem amplitude e complexidade que extrapolam os limites formalmente estabelecidos, evidenciando tensões que emergem nos discursos dos entrevistados.
Descargas
Citas
ARAÚJO, E. S. A.; BARONE, A. A. Sangue seguro: mito ou realidade? Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 30, n. 5, p. 350-351, 2008.
BARROS, B. S. Guia de boas práticas para assistência de enfermagem aos doadores de sangue. 2016. 165f. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão do Cuidado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 34, de 11 de junho de 2014. Dispõe sobre as boas práticas do ciclo de sangue. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 de jun. 2014. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2867975/RDC_34_2014_COMP.pdf/283a192e -eee8-42cc-8f06-b5e5597b16bd?version=1.0. Acesso: em 03 de fevereiro de 2020.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
BRASIL. Lei n.º 10.205, de 21 de março de 2001. Regulamenta o § 4º do art. 199 da Constituição Federal, relativo à coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados, estabelece o ordenamento institucional indispensável à execução adequada dessas atividades, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 22 março 2001, Seção 1, p. 1.
BRASIL. Lei n° 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a ANVISA, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 27 janeiro 1999, Seção 1, p1.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 maio 2016b. Seção 1. p. 44-46.
BRASIL. Ministério da Saúde. Doação de Sangue. Política Nacional de Sangue e Hemoderivados. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-de-sangue/sinasan. 2018. Acesso em 20 de abril de 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Manual de Orientações para Promoção da Doação Voluntária de Sangue. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão do Trabalho na Saúde. Técnico em hemoterapia: livro texto. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Portaria nº 1.376, de 19 de novembro de 1993. Aprova alterações na Portaria nº 721/GM, de 09.08.89, que aprova Normas Técnicas para coleta, processamento e transfusão de sangue, componentes e derivados, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 02 dezembro 1993, Seção 1, p. 18405.
BRASIL. Portaria nº 158, de 04 de fevereiro de 2016. Redefine o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 05 fevereiro 2016a, Seção 1, p. 37.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5543/DF. 2019 Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4996495 Acesso em: 03 de fevereiro de 2020.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. DJe nº 234/2020. Ação direta de inconstitucionalidade 5.543. Diário da Justiça Eletrônico nº 234, de 23 de setembro de 2020.
CARLESSO, L. et al. Estratégias implementadas em hemocentros para aumento da doação de sangue. Rev Bras Promoç Saúde, v. 30, n. 2, p. 213-220, 2017. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/5873. Acesso em: 30 de janeiro de 2020.
CASSAL, L. C. B.; GARCIA, A. M.; BICALHO, P. P. G. DE. Psicologia e o dispositivo da sexualidade: biopolítica, identidades e processos de criminalização. Psico, v. 42, n. 4, p. 465- 473, 2011. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/8600/7451. Acesso em: 17 de janeiro de 2020.
CASTRO, V. L.; ARAÚJO, A. R.; ALMEIDA, L. M. A. Poder e liberdade em Foucault: verdades e práticas sociais. Rev. Bras. Sociol. Direito, v.3, n.1, p.216-229, 2016.
EIZIRIK, M. F. Poder, saber e práticas sociais. Psico, Porto Alegre, PUCRS, v. 37, n. 1, p. 23-29, jan./abr. 2006. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/revistapsico/ojs/index.php/revistapsico/article/view/1407/1107. Acesso em: 16 de dezembro de 2019.
FERGUSON, E. Mechanism of altruism approach to blood donor recruitment and retention: a review and future directions. Transfus. Med., v. 25, n.4, p. 2211-26, 2015. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/tme.12233. Acesso em: 27 de julho de 2018.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 3ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
FOUCAULT, M. História da sexualidade: A vontade de saber. São Paulo: Edições Graal, 2010.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 28ª ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2014.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. 20ª ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1999. Edição revisada de 1975.
FUNDAÇÃO HEMOMINAS. Página principal. Doação e Atendimento Ambulatorial. Doação de Sangue. Condições e Restrições. 2016. Disponível em: http://www.hemominas.mg.gov.br/doacao-e-atendimento-ambulatorial/doacao-de-sangue/condicoes-e-restricoes. Acesso em 20 de abril de 2018.
GARRAZONE, C. F. V.; BRITO, A. M.; GOMES, Y. M. Importância da avaliação sorológica pré-transfusional em receptores de sangue. Revista Brasileira de hematologia e Hemoterapia, v. 26, p. 93-98, 2004.
GEMELLI, C. N.; THIJSEN, A.; DYKE, N. V.; MASSER, B. M.; DAVISON, T. E. Emotions experienced when receiving a temporary deferral: perspectives from staff and donors. ISBT Science Series, v. 13. n. 4, p.394-404, 2018.
GOMES, A. M. T. Do discurso às formações ideológica e imaginária: análise de discurso segundo Pêcheux e Orlandi. Rev Enferm UERJ, v. 15, n. 4, p.555-562, 2007.
HOLDERSHAW, J.; GENDALL, P.; WRIGHT, M. Predicting Willingness to Donate Blood. Australasian Marketing Journal, v.11, n.1, p. 87-96. 2003.
LIMA, D. W. C. et al. Historicidade, conceitos e procedimentos da análise do discurso. Rev Enferm UERJ, v. 25, n. e12913, p. 01-04, 2017.
MAHON-DALY, P. M. Blood, society and the gift: An ethnography of change in the gift relationship. 2012. 323f. Tese (Doutorado em Psicologia), Brunel University, 2012.
MAY, T. The Philosophy of Foucault. Montreal: McGill-Queen’s Univ. Press, 2006.
MINAYO, M. C. de S. Amostragem e Saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, v. 5, n. 7, p. 01-12, 2017.
MONTEIRO, L. A. S.; et al. Seleção de doador em serviço de hemoterapia: desafios da equipe de assistência ao paciente no processo de triagem clínica. Rev. Min. Enferm., v. 25, p. e-1358, 2020. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/reme.org.br/pdf/e1358.pdf
PEREIMA, R. S. M. R.; REIBNITZ, K. S.; MARTINI, J. G.; NITSCHKE, R. G. Doação de sangue: solidariedade mecânica versus solidariedade orgânica. Rev. bras. enferm., v. 63, n. 2, p.322-327, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672010000200024&lng=en &nrm=iso. DOI: 10.1590/S0034-71672010000200024. Acesso em: 11 junho 2018.
PEREIRA, J. R; et al. Doar ou não doar, eis a questão: uma análise dos fatores críticos da doação de sangue. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 21, n. 8, p. 2475-2484, ago. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232016000802475&lng=en&nrm=iso. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015218.24062015. Acesso em: 13 de dezembro de 2019.
REVEL, J. Michel Foucault: conceitos essenciais. Tradução de Maria do Rosário Gregolin, Nilton Milanez e Carlos Piovesani. São Carlos: Claraluz, 2005.
SERINOLLI, M. I. Evolução da medicina transfusional no Brasil e no Mundo. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., v.5, n.1, p. 16-36, 1999.
SILVEIRA, F; SIMANKE, R; FIGUEIRA, F. Transversalidades entre Psicologia e Disciplina em Vigiar e Punir de Michel Foucault. Revista Subjetividades, Fortaleza, v. 15 n. 3, p. 438-446, dezembro de 2015. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/4863/4557. Acesso em: 16 de dezembro de 2019.
SOLOMON, G. D. Altruism, Discourse, and Blood Donation: the Rhetoric of “The Gift of Life”. 2013. Tese de doutorado. Disponível em: https://thescholarship.ecu.edu/handle/10342/4311. Acesso em: 01/07/2022.
SOUZA, C. B. E.; et al. Representações sociais sobre doação de órgãos. Boletim Academia Brasileira de Psicologia, v.39, n.97, p. 207-216, 2019.
VELLOSO, I. S. C. Configurações das relações de poder no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Belo Horizonte. 2011. 129 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doutorado do Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem, Planejamento, Organização e Gestão de Serviços de Saúde e Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
VELLOSO, I. S. C.; CECI, C.; ALVES, M. Reflexões sobre relações de poder na prática de enfermagem. Rev Gauch Enferm., v. 31, n. 2, p. 388-91, 2010.
VELLOSO, I. S. C.; et al. Mobile Emergency Care Service: the work on display. Texto Contexto Enferm. v. 23, n.3, p. 538-46, 2014.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 Stela Milagres
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.