As maras centro-americanas e os resquícios do autoritarismo: histórico de violência, hiperpunitivismo e pós-colonialidade como estratégia de reconfiguração.
Palabras clave:
maras centro-americanas, violência, militarização, direitos humanos, pós-colonialidade.Resumen
Este trabalho tem como objetivo descrever o processo de formação e constituição das chamadas maras (gangues centro-americanas com atuação transnacional) como “problema de segurança naciona1” na região do Triângulo Norte Centro-Americano. Visa apresentar as consequências sociais do tratamento institucional excessivamente repressivo destinado aos participantes e pretensos componentes das maras elucidando como este hiperpunitivismo resultou em acirramento da violência neste contexto. Assim, procede-se a uma análise do processo histórico de violação de direitos humanos e intensa militarização dos países centro-americanos nas últimas décadas, bem como da constituição dos mareros como inimigos públicos de forma análoga a que foi utilizada pelos governos para desumanizar a figura dos guerrilheiros nos conflitos típicos da Guerra Fria. Por fim, seguem algumas considerações sobre a reconfiguração da estética e atuação das maras como resposta às políticas hiperpunitivas, reconfiguração esta que parece apresentar características de certa sensibilidade pós-colonial, como contraposição à violência epistêmica propagada institucionalmente.