Narrativas, subjetividades e resistências. Uma reflexão sobre as condições de confinamento e o lugar das mulheres no mundo do crime no estado de São Paulo

Abstract

O presente artigo apresenta uma discussão sobre as condições de encarceramento de mulheres e seu lugar no mundo do crime. A situação carcerária brasileira contemporânea assinala o processo de encarceramento em massa, sobretudo o crescimento do número de mulheres cumprindo penas ou presas, mas aguardando julgamento. O confinamento de mulheres ocorre em unidades prisionais não adequadas o que gera extremo sofrimento psíquico e isolamento em relação ao contexto familiar, sobretudo no que diz respeito às visitas e ao acesso às necessidades específicas à condição de gênero. Neste sentido, a punição por meio da prisão reforça as desigualdades de gênero, mantendo as mulheres em posição de subalternidade na prisão e no mundo do crime. A pesquisa também indica mudanças a respeito destas condições e, em razão disto, pretende contribuir para o debate sobre o lugar das mulheres na sociedade brasileira contemporânea. A perspectiva analítica adotada baseia-se nas reflexões de Michel Foucault sobre o papel das prisões na subjugação e subjetivação da delinquência. A análise foi feita a partir dos depoimentos das mulheres e de observação de campo. As mulheres foram entrevistadas em dois presídios pertencentes ao sistema prisional do estado de São Paulo, nos anos de 2014 e 2015.