Judicialização, criminalização e alienação parental: a atuação profissional de assistentes sociais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47208/sd.v27i1.2825

Palavras-chave:

Família, Estado, Judicialização, Serviço Social

Resumo

O artigo teórico discute a alienação parental e a atuação de assistentes sociais do Poder Judiciário, considerando-se elementos de estudo como o processo de judicialização, a expansão do Estado Penal e os processos de criminalização. Objetiva-se o debate pautado em uma perspectiva crítica de análise, que considere os preceitos teórico-metodológicos e ético-políticos da profissão. Empregam-se discussões introdutórias em torno do conceito de gênero e seus limites e sobre o cuidado enquanto eixo de análise central no debate sobre alienação parental. Conclui-se que a atuação profissional é atravessada por requisições conservadoras em um cenário de crescente criminalização e judicialização. Entretanto, o papel profissional não almeja a punição dos sujeitos cujas demandas encontram-se judicializadas, sendo fundamental aos assistentes sociais uma compreensão das relações sociais em uma perspectiva de totalidade.

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Biografia do Autor

Thaís Tononi Batista, Tribunal de Justiça do Espírito Santo TJES

Assistente Social do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES); graduada em Serviço Social (UFES); Especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça (UFES); Mestra em Política Social (UFES).

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Publicado

2021-04-23

Como Citar

Tononi Batista, T. (2021). Judicialização, criminalização e alienação parental: a atuação profissional de assistentes sociais. Sociedade Em Debate, 27(1), 202-215. https://doi.org/10.47208/sd.v27i1.2825