DEUS: REPRESENTÁVEL? IRREPRESENTÁVEL? Ensaio interdisciplinar sobre as representações de Deus na psicanálise e na teologia
Résumé
Quando o paciente fala de Deus na sessão, o analista põe-se em posição de investigar a natureza específica e pessoal das representações que tal referência evoca, distanciando-se de entrada, da idéia de que representações mentais de Deus têm um caráter único e imutável. O complexo-coisa, um aspecto muito particular das representações-de-coisa (Dingvorstellung) em Freud, o verdadeiro núcleo das representações-de-coisa ao qual Freud adjudicou o inassimilável, outorga ao aparelho psíquico a possibilidade de aceder a uma representação de Deus no seu sentido apofático, isto é, o sentido do mistério, invisibilidade, inefabilidade, inafigurabilidade. Este é um ponto presente desde os começos da psicanálise e que permite uma abordagem teórica e uma aproximação interdisciplinar com a Teologia Negativa, aquela que se ocupa em descrever o que não é Deus. Na atualidade, ganham força os fenômenos de transicionalidade winnicottianos na compreensão da representabilidade de Deus, destacando-se, sobretudo, como um objeto transicional especial, porque, à diferença dos objetos transicionais comuns (em sua dimensão material), as representações de Deus estão criadas a partir de materiais representacionais de objetos primários e, ademais, diferem quanto ao destino, já as últimas costumam sofrer reelaborações ao longo da vida, em todas as suas crises, inclusive na morte. A partir de duas vinhetas clínicas dos autores, um psicanalista e um teólogo, fazem uma série de considerações teórico-técnicas, pondo em relevo: 1a possibilidade de investigação clínica pormenorizada de sentimentos profundamente reprimidos (p. ex., a ambivalência) do sujeito para com o objeto; 2- a potencial fecundidade de um diálogo interdisciplinar psicanalítico-teológico, com desenvolvimento para ambas as disciplinas, rompendo-se preconceitos fundamentalistas de parte a parte; 3- a possibilidade de exame do modo como as metodologias da psicanálise e da teologia se “trabalham” epistemologicamente entre si.Téléchargements
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Comment citer
Rosa Sousa, P. L., & Martinez de Oliveira, F. (2019). DEUS: REPRESENTÁVEL? IRREPRESENTÁVEL? Ensaio interdisciplinar sobre as representações de Deus na psicanálise e na teologia. Razão E Fé , 1(1), 27-47. Consulté à l’adresse https://revistas.ucpel.edu.br/rrf/article/view/2412
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